Um museu de videojogos em Portugal
FONTE: PÚBLICO
Finalmente o museu de videojogos está aberto. Situado em Oeiras, na Fundação Marquês de Pombal, temos agora no nosso país, um espaço dedicado a preservar a indústria do entretenimento — que para muitos terá um significado especial. O homem por detrás do projecto é Mário Tavares. Uma pessoa determinada que levou este projecto de um simples esboço à realidade.
Tavares, sempre bem-disposto, com uma palavra amiga na defesa da indústria do entretenimento, é uma pessoa que admiro. Encontramo-nos muitas vezes em exposições e temos várias conversas sobre o avanço da tecnologia. Bem sei que o museu é um sonho antigo — que os dois partilhamos — e que agora deu um passo decisivo.
Tavares é já por si quase um museu vivo. Muitos dos objectos no seu museu passaram-lhe pelas mãos, primeiro como consumidor e depois como técnico especializado. Aliás, o próprio relata na primeira pessoa como parecia que o destino lhe sussurrava para abrir um museu. Desde os tempos em que recebeu o seu primeiro microcomputador no início dos anos 80, passando pelos vários anos na Triudus até eventualmente chegar a este ponto. Actualmente, além do museu, também gere uma pequena empresa de componentes electrónicos (a Chipping), vendendo inclusive peças para computadores antigos.
Uma breve visita revela como este espaço museológico é pequeno. Em pouco mais de 100m2 não se consegue resumir todo o que esta indústria produziu em cerca de 40 anos. Mas é um começo. O maior museu de videojogos na Europa — o Computerspielemuseum em Berlim — também teve um inicio semelhante. Primeiro uma pequena exposição e só passado mais de 10 anos conseguiram um espaço decente que ainda hoje ocupam. Mesmo assim, o director do museu, Andreas Lange, confessava-me em 2012 que precisava ainda de maiores dimensões. Por isso, Tavares e o seu museu, na minha opinião, estão no caminho certo. A primeira pedra está colocada.
O espaço em si descreve uma história muito particular não só a dos videojogos, mas também da tecnologia. Rádios, televisores, walkmans, cassetes (de todos os formatos e de todos os feitios) marcam igualmente presença. Afinal, as últimas décadas do século passado, trouxeram uma avalanche de produtos tecnológicos de consumo que marcaram a nossa história — muitos destes interligados intimamente com os videojogos. E ali, no museu, temos uma simbiose entre consolas, arcades, música, filmes e diversos outros sistemas, por vezes difíceis de catalogar. É curioso vermos a louca viagem em que temos de certa forma participado.
Tavares também demonstra uma preocupação pedagógica, oferecendo dias para visitas de estudo, assim como oferta formativa para aprender as bases da produção de um videojogo. Ele próprio, pai de duas crianças, considera “essencial” esta divulgação. “Tomara eu, que no meu tempo, houvesse algo assim do género”.